Somos da vida ao ar livre. Gostamos de estar na natureza. Sentimos prazer em entrar no mar, ir para cachoeira. Mas, afinal, porque é importante conservar a natureza? Preservar as espécies de animais, plantas. preservar a natureza e manter a diversidade.
Existem várias linhas de pensamento. Várias opiniões, algumas tecnicistas, outras apaixonadas. Mas o que nos leva, eu e você, pessoas comuns, a nos importarmos em conservar a natureza?
Reserva do Saco do Mamanguá, área de proteção ambiental que preserva um verdadeiro paraíso na Terra. Foto: Otávio Lino
Nosso senso de preservação depende muito da nossa capacidade de entender a importância da diversidade. Uma das defesas para a conservação da natureza está no argumento de que devemos preservar, pois nela encontramos muitas espécies importantes para nós.
Se você viaja para o interior vai perceber como as culturas tradicionais conhecem ervas medicinais em todos os lugares que o ser humano colonizou. No mercado Ver-o-Peso, em Belém do Pará, um sem-fim de produtos naturais, garrafadas, poções mágicas da floresta, são vendidas para se tratar praticamente tudo. Nas pequenas comunidades do alto dos Andes, no Peru, as pessoas já conhecem há séculos todas as importâncias dos grãos que a cada ano viram moda nas revistas de dieta.
Com certeza preservar as espécies úteis é importante. A cura do câncer, de fato, pode estar escondida em alguma planta desconhecida. Mas só preservaríamos os úteis e deixaríamos os "não úteis" à sua própria sorte? Não parece um bom argumento. Pense: Só espécies de besouros são mais de 3 milhões. Uma viagem de 4 dias pela Amazônia talvez te apresente à mais espécies de insetos, aves e plantas do que todas as que viu até hoje na vida.
O ecólogo inglês John Lawton, uma grande referência na área, publicou um artigo na revista Oikos em 1991 onde afirmou que, se queremos conservar a biodiversidade, esse argumento chega a ser perigoso. Pois a grande maioria das espécies não são diretamente úteis a nós. É um argumento utilitarista, tecnocrata. Nós não preservamos a natureza por isso.
Preservar da Natureza porque gostamos dela
Uma proposta revolucionária para entender nossa necessidade de preservação nasceu em 1995, quando os pesquisadores americanos Edward Wilson e Stephen Kellert publicaram as bases da Teoria da Biofilia: gostar da natureza faz parte do instinto do ser humano.
Grupo da Pisa Trekking durante a travessia da Ponta da Joatinga.
Nós, seres humanos, já misturamos à nossa evolução natural um punhado de características culturais, mas temos instintos que evoluíram durante dezenas de milhares de anos e, segundo Wilson e Kellert, isso explica porque, independente da cultura em que nascemos, gostamos de ir para lugares de natureza preservada.
Pense a respeito. Há milhares de anos grupos de hominídios vagam pelos continentes. Só no Brasil, os registros mais antigos na Serra da Capivara falam de 10 mil anos. Hoje vivemos em grandes cidades, mas não é uma condição natural do ser humano.
É por isso que franceses e alemães, que tem índices ótimos de desenvolvimento humano, correm para os Alpes e lotam Mont Blanc todos os anos. Pessoas se deslocam de todos os pontos do mundo para caminharem até os pés do Himalaia e estarem diante do Everest. A Amazônia está cheia de gringos que atravessam continentes para estarem dentro da maior floresta do mundo. O que explica essa satisfação pessoal que cada pessoa sente ao estar em um lugar intocado da natureza?
Wilson diz em seu livro que os paisagistas, quando podem, criam áreas com vastos espaços abertos, com gramados e pequenos bosques aqui e ali. Segundo ele, é uma reconstrução de uma savana, habitat onde nossa espécie evoluiu. E onde nos sentimos bem e confortáveis. Nos sentimos bem na natureza, mesmo quando esse "habitat" seja um espacinho de grama com sol!
Estar na natureza nos faz bem
Não é a toa que muitos estudos recentes tem demonstrado que experiências com o mundo natural tem uma relação direta com benefícios para a saúde. E não só a saúde física de se praticar um trekking, mas saúde psicológica, capacidade de concentração e aprendizado de crianças e adultos. Além disso, experiências ao ar livre nos faz aumentar a confiança em nós mesmos e nos sentirmos mais confortáveis, como conta o ativista Richard Louv em entrevista publicada recentemente. "Também estamos vendo os pediatras 'prescreverem' a natureza para as famílias. Em Washington, em 2012, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) aprovou uma resolução declarando é um direito de toda criança ter uma ligação positiva com a natureza."
Segundo o ecólogo Lawton, “nós não conservamos concertos de Mozart, pinturas de Monet e catedrais medievais por que eles são úteis. Nós os conservamos porque eles são bonitos e enriquecem nossas vidas.” Da mesma forma, devemos preservar a natureza porque elas nos fazem bem, ela é parte da nossa própria natureza. E assim deixamos de lado a necessidade de preservar porque ela será útil pra pra nós. Porque a tecnologia desenvolve cada vez mais possibilidades de substituirmos a natureza. Mas nunca vai tirar de nós essa sensação indescritível de prazer ao estarmos onde nos sentimos em casa.
Se você também deseja sentir os benefícios de estar em contato com a natureza, entre em contato com a Pisa Trekking, especializada em atividades ao ar livre, desde caminhadas leves para toda família até grandes expedições nos locais mais isolados da Terra. Confira aqui nossos roteiros, tire suas dúvidas com nossos atendentes e se conecte com a Mãe-Natureza.
Leia outros textos do blog:
Referências:
Porque preservar a natureza, afinal?, Fernando Fernandes, O Eco, 2008
Are species useful?, JH Lawton, Oikos, 1991
The biophilia hypothesis, SR Kellert, EO Wilson, 1995
Richard Louv: 'Pediatras estão começando a prescrever natureza', Catraquinha, 2016