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Diário de Viagem: Dia a dia do Caminho de Santiago de Compostela

Nós fizemos os 118km finais do Caminho de Santiago de Compostela em setembro do ano passado (2018). Escolhemos a viagem por acaso: compramos um aéreo muito barato que chegava em Madrid e, um dia, olhando pro mapa da Espanha, começamos a ter uma ideia do roteiro.

Desembarcamos em Madrid no dia 24 de setembro pela manhã e aproveitamos o dia para conhecer um pouco da cidade. Conhecemos o Palácio Real, a Catedral de la Almudena, os Jardines de Sabatini, a Plaza España e o Templo de Debod.

Panorâmica do Palácio Real

O COMEÇO: Madrid --> Sarria

À noite, fomos para a estação pegar o trem com destino a Sarria. Pegamos o trem noturno, com uma viagem que dura, aproximadamente, 6h30. Saímos de Madrid 22h14 (os trens na Europa são muito pontuais, tome cuidado com isso!) e chegamos de manhãzinha no destino. Aí vai outra dica: o trem que pegamos não anunciava as paradas. Então eu coloquei um despertador para meia hora antes do que era o planejado em chegar em Sarria e fiquei de olho nas últimas paradas para descer. E ah! Última dica sobre o trem: nós íamos começar a caminhar logo no dia da chegada em Sarria. Se for este seu caso, recomendamos muito pagar um pouco mais caro para dormir nas camas que o trem oferece. Nós sofremos bastante com as poltronas duras e nossos colegas de cabine que conversavam o tempo todo…

 

PRIMEIRO DIA: Sarria --> Portomarín

Chegando em Sarria, tomamos café da manhã no bar Polo - bem próximo da estação - e começamos o Caminho.

Seguir o Caminho é bem tranquilo. A todo momento você encontrará totens e setas amarelas com a direção a ser seguida. E fomos seguindo nosso ritmo. A gente acordava cedo e já começava a caminhar por volta das 8h da manhã. Umas 13h já estávamos chegando no destino, onde a gente almoçava e aproveitava pra conhecer a cidade na parte da tarde.

Um dos primeiros totens do nosso caminho!

Setas que vão te guiar pelo Caminho.

O nosso primeiro destino foi Portomarín. No Caminho de, aproximadamente, 23km, passamos por aldeias típicas da região da Galícia, casas de pedra, linhas de trem e alguns rios. Este trecho é emocionante, principalmente para os que estão vindo desde Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, pois passamos pelo marco dos últimos 100km!

Nós e um dos totens mais esperados pelos peregrinos: faltam só 100km!

Pelo Caminho, casas de pedras e cruzes.

Sendo este um trecho mais arborizado, a caminhada é suave, com poucas subidas e pouca exposição ao sol. Antes de chegar a Portomarín, paramos para almoçar no restaurante Los Andantes, um restaurante vegetariano em Vilachá, com diversas opções de lanches, pratos e bebidas. Foi uma parada estratégica, para descansar para o trecho final de 3km, este sim, bem exposto e por estradas movimentadas.  

Chegando a Portomarín, aproveitamos para conhecer a cidade. Seu centro comercial gira em torno da praça principal, onde conhecemos a Igreja de San Juan. Nesta praça estão os principais restaurantes e lojas. Aproveitamos também para comprar algumas frutas e chocolates para levar no dia seguinte. No Caminho você pode encontrar algumas cafeterias e restaurantes, mas é sempre bom estar com um estoque de comida para o dia.

Igreja de San Juan em Portomarín.

 

SEGUNDO DIA: Portomarín --> Palas de Rei

O dia seguinte amanheceu com bastante neblina e, caminhamos por um bom tempo com uma paisagem de cerração. Começamos o Caminho atravessando uma ponte sobre a represa Belesar e subindo mata a dentro. Durante os 25km deste trecho, em diversos momentos, existe uma opção de andar por um Camino Complementário. Estes trechos complementares fogem das trilhas laterais à rodovia, às vezes com uma quilometragem maior do que o Caminho tradicional, às vezes menor, mas passando por vilas pitorescas e em matas mais fechadas.

O início da trilha do segundo dia, seguindo um grupo (bem barulhento) de estudantes espanhóis.

Mar de nuvens.

Chegando em Palas de Rei, conhecemos o tal menu do peregrino, no restaurante Mesón a Forxa. Diversos restaurantes pelo Caminho oferecem, por €10 a €12, entrada, prato principal, sobremesa e bebida. É um excelente custo benefício, principalmente quando você faz um “almojanta”.

 

TERCEIRO DIA: Palas de Rei --> Arzúa

O terceiro dia de caminhada é o mais difícil: esteja preparado. É a maior quilometragem (28,8km no total), com muitos trechos desabrigados, próximos de rodovias e subidas intensas no final. Recomendamos que você saia cedo para esta jornada. Como não sabíamos disso, sofremos um bocado com o sol e as subidas, rs.  Na metade da caminhada, mais ou menos, passamos por Melide, uma cidadezinha bacana para descansar em algum café ou restaurante. Neste povoado, entramos no seu pequeno museu e aprendemos um pouco mais sobre a região da Galícia. Chegando em Arzúa, aproveitamos a tarde para almoçar, descansar, tomar um xeado (sorvete, em galego) e comprar o famoso queijo da região.

Chegando em Melide.

Casas de pedra pelo Caminho.

Sorveteria de Arzúa.

 

QUARTO DIA: Arzúa --> Pedrouzo

Como o dia anterior havia sido mais cansativo, decidimos sair bem cedo, antes das 7h, com destino a Pedrouzo, nossa última parada antes de chegarmos a Santiago de Compostela. Como o sol, naquela época do ano, nascia tarde, caminhamos quase 2h no escuro. Foram 19,1km de trechos arborizados e com poucas subidas. Em alguns momentos, tivemos que cruzar a rodovia. Mas não se preocupe, pois passam poucos carros pela região e a travessia é muito bem sinalizada. Como saímos muito cedo, chegamos na hospedagem antes das nossas malas!

E aproveitando para explicar isso das malas… nós não carregamos elas no Caminho, só uma mochila de ataque com os suprimentos para o dia. Contratamos um serviço para que nossas malas fossem levadas de cidade em cidade onde passávamos. O carregador buscava a bagagem até as 8h da manhã no hotel e deixava na cidade seguinte antes das 14h. Uma baita comodidade!

Gatinhos na janela.

 

QUINTO DIA: Pedrouzo --> Santiago de Compostela

E chegamos, enfim, ao último dia da nossa caminhada. Este trecho de 20km é de um caminho predominantemente plano, exceto por uma subida ao Monte do Gozo, a 4km do nosso destino final.

Chegar a cidade de Santiago de Compostela é emocionante. Ver a Catedral ao longe, se aproximando, dá uma sensação de dever cumprido a qualquer viajante. Caso você consiga chegar ao meio dia, poderá presenciar a Misa do Peregrino. Ao invés disso, como chegamos depois do horário da missa, fomos direto retirar nossa Compostela, um documento que afirma termos cumprido o mínimo do Caminho (que é exatamente o trecho de Sarria a Santiago). Para isso, ao longo do Caminho nós carimbamos nossa credencial - um passaporte de papel que providenciamos ainda no Brasil - em diversos estabelecimentos que passamos (restaurantes e hospedagens, principalmente). A sua credencial deve ter, ao menos, dois carimbos por dia de caminhada. A Compostela custa por volta de 2 euros e vem personalizada com seu nome, cidade de partida e quilometragem percorrida. Um presente de uma viagem inesquecível!

A Catedral!

De noite, a iluminação da Catedral impressiona.

A Catedral pode ser vista de diversos pontos da cidade.

 

O FIM: Santiago de Compostela --> Fisterra --> São Paulo

Santiago foi uma cidade que nos impressionou: muitos turistas, claro, mas também há uma presença forte de moradores de diversos lugares do mundo, por conta das universidades da cidade. Ficamos duas noites por lá e fomos embora querendo mais. Não deixe de conhecer a Plaza da Quintana, o Parque Alameda - que pode ter festivais com música e food trucks rolando - e a Plaza Toural. Mas o mais importante é se perder pelas ruas do centro histórico. E ah, não deixe de tomar um sorvete na Heladeria Puerta Real Santiago: foi o melhor sorvete que já tomamos na vida!

Aproveitamos para conhecer também Finisterra, a cidade para onde alguns peregrinos continuam sua caminhada por mais uns 3 dias. Fomos para lá de ônibus, que parte da rodoviária principal de Santiago, em uma viagem de quase 2 horas. Em Fisterra visitamos o Castillo de San Carlos, onde há uma exposição permanente sobre a história da pesca na região e, depois, fizemos uma caminhada até o Farol da cidade, no extremo oeste da região da Galícia e, por muito tempo, creditado como o ponto mais ocidental do continente europeu. No final da tarde, retornamos a Santiago de Compostela para nossa última noite na região, antes de partirmos para Portugal.

O Farol de Fisterra.

 

Ficou interessado em conhecer o Caminho de Santiago? Conheça aqui todos os roteiros que a Pisa Trekking oferece para lá. E não se preocupe, qualquer dúvida que tiver, nossos atendentes estarão prontos para te ajudar!

 

Bárbara Saião & Sandro Palma.

 

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Barbara Saiao

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Barbara Saiao
Tags: arzuacaminho de compostelacomo fazer o caminho de compostelacompostelafazer o caminho de compostelafisterramadrimadridpalas de reipedrouzoportomarinsarria

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