Se você pretende conquistar alguns dos pontos mais altos do Brasil, anote a Serra Fina. É aqui onde fica, por exemplo, a quarta maior montanha do país, a Pedra da Mina, que pode ser explorada em vários ritmos e roteiros de viagem diferentes. Para os mais aventureiros, a pedida é explorar esse pedaço da Mata Atlântica numa grande expedição. Hoje, o Blog Vida ao Ar Livre te mostra tudo sobre a Travessia da Serra Fina.
Onde fica e como chegar na Serra Fina?
No limite das fronteiras de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a Serra Fina faz parte da grande Serra da Mantiqueira. O nome “fina” se dá pela largura estreita de vários trechos, que podem chegar a menos de um metro. Isso porque grande parte da travessia é feita nas cristas das montanhas. Por isso, já vale o aviso: esta travessia não é para iniciantes. Um bom condicionamento físico e experiência em trekking são essenciais.
Para fazer o trekking, várias cidades mineiras podem servir de base: Passa-Quatro, por onde a travessia começa, e Itamonte, onde ela termina, são ótimas para acomodação por razões logísticas óbvias. Mas uma cidade ainda melhor é Itanhandu que, geograficamente, fica no meio-termo das duas, cansando menos quem vai e quem volta.
Algumas dificuldades da Travessia da Serra Fina
De prontidão, a resposta é que ela é puxada: apesar dos 30km, o traçado sobe e desce o tempo todo, com grandes ascensões nos quatro dias de trilha. É trabalho diário para os joelhos e panturrilhas.
Outra característica natural que pode atrapalhar é a neblina. Não é à toa que os estados do Sudeste se dividem aqui; o limite de cada um termina justamente quando encontra o paredão da serra. E quem também esbarra nele são as nuvens, que só conseguem cruzar a montanha em trechos mais rebaixados.
Por isso, caminhar no meio da “neblina” é no caso furar o caminho das nuvens. E para você que já desceu a serra de carro algumas vezes e sabe como isso pode ser perigoso, imagine quando você não tem muretas ou faixas de trânsito para guiar seu caminho? Isso sem contar que o capim é alto em muitos trechos, atrapalhando ainda mais a visibilidade. Para isso, não deixe de contratar um guia para sua aventura não terminar em um trauma. Confira aqui o roteiro para uma travessia eletrizante e segura.
Um último desafio, cada vez mais importante para preservação dos ecossistemas, é fazer a travessia no estilo “Leave No Trace”. A ideia é estimular a responsabilidade dos viajantes a fim de minimizar o impacto humano em ambientes naturais. Para isso, além de grupos menores e autossuficientes, cada participante deve manejar e carregar seus próprios equipamentos e suprimentos, além de outros de uso coletivo. Ou seja, um peso extra, principalmente de água (voltamos abaixo), que pode dificultar para quem não está acostumado. Isso não quer dizer que, viajando com a Pisa, você terá que pensar na logística, alimentação ou, o mais difícil, decisões importantes. O que você terá é maior autonomia para se desenvolver como um viajante consciente para futuras experiências.
Como é a Travessia da Serra Fina?
Para aproveitar os visuais, o recomendado é fazer a travessia em quatro dias. Em cada um deles, um desafio e paisagem diferentes. No primeiro e último dia, quando a subida e descida, respectivamente, têm mais variação altimétrica, quem reina são os bambuzais e mata fechada. Nos dias nas cristas, é a vez da vegetação de altitude, pedras e trechos de capim alto.
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Primeiro dia: Toca do Lobo - Alto do Capim Amarelo
Depois de sairmos da Toca do Lobo, em Passa Quatro, o início da aventura guarda 1.070m de elevação e 7km de pé na estrada até nossa primeira parada: o Alto do Capim Amarelo (2.570m). Como a maior parte das pessoas faz essa saída nos finais de semana, dependendo do dia, os campings podem ser disputados. As noites de sono são importantes para renovar as energias, o que significa que um local ruim para armar as barracas pode atrapalhar a aventura no dia seguinte; ainda mais com os ventos fortes e temperaturas que podem ser menores que zero.
Por isso, uma das vantagens de viajar com a Pisa Trekking é que não fazemos essa viagem em feriados justamente para proporcionar uma melhor experiência aos participantes. Desse modo, você poderá contemplar os visuais dos picos de Marins, Itaguaré e todos os outros que estarão no horizonte.
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Segundo dia: Alto do Capim Amarelo - Pedra da Mina
Este é o dia que, após 6km e uma elevação modesta de 640m, conquistaremos o pico mais alto da Serra da Mantiqueira e a quarta do Brasil. Imagine olhar 360º sem que nada impeça seu olhar? Acrescente a isso, um pôr-do-sol cujos raios laranjas brilham por todos os lados. Aliás, este é também um dos pontos de divisa de São Paulo, com Lavrinhas e Queluz, e Minas Gerais, com Passa Quatro. Em suma, um pico com energia e belezas irradiantes.
No caminho, passamos pelo Rio Claro, próximo a Cachoeira Vermelha, onde podemos recarregar nossos camelbaks de água. Aliás, vale dizer que diferente de várias travessias do Brasil, a Serra Fina não tem muitos pontos de água. No primeiro dia, fora a Toca do Lobo, há o Quartzito. No terceiro dia o Vale do Ruah. E no último, o ponto é tão próximo do fim que você pode desconsiderá-lo. Lembre-se de usar sempre o clorin e calcule bem o quanto de água você precisa, tanto para não carregar peso à toa, quanto para não faltar quando precisar.
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Terceiro dia: Pedra da Mina - Pico dos Três Estados
Depois do primeiro ponto de fronteira, está na hora de conhecer um outro ainda mais abrangente. Com 2.665m, o Pico dos Três Estados é como diz o nome, divisa de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No topo, existe até uma plaquinha triangular de metal com o nome dos três, cada uma apontando para a direção que fica o respectivo estado.
Antes disso, fazemos uma parada no Morro do Cupim de Boi (2.500m) porque ele oferece uma ótima vista para o Parque Nacional do Itatiaia, onde os cartões-postais Prateleiras, Pico das Agulhas Negras e Morro do Couto furam o céu à distância. Você vê, a Serra da Mantiqueira é tão rica que, no meio de uma aventura, ela já nos convida para a próxima. Confira aqui outros roteiros desta serra, especialmente aqueles em Itatiaia.
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Quarto dia: Pico dos Três Estados - Sítio do Pierre
Em questão de subidas, comparativamente com os dias anteriores, este último é mais tranquilo. Mas tudo que sobe, desce. Por isso, os últimos 10km terão uma descida acumulada de 1.300m com alguns trechos de subida, como o Alto dos Ivos, último monte antes do fim da travessia. Dali em diante, seu maior companheiro será o bambuzal.
Chegando no Sítio do Pierre, em Itamonte, a saída dá de cara com a estrada, onde alguns aventureiros se arriscam tentando uma carona. Mas depois de quatro dias de trilha, o corpo começa a pedir arrego e, nessas horas, tudo que você precisava era de alguém esperando para te levar de volta, ou o que chamamos de resgate. Mais uma coisa que você não vai precisar se preocupar com o roteiro da Pisa Trekking, que já deixa tudo organizado para retornar a Itanhandu, onde um gostoso banho nos espera.
Quando fazer a Travessia da Serra Fina?
Tal como os principais destinos de montanha do Brasil, a Serra Fina precisa ser feita no inverno. Apesar das temperaturas serem mais baixas, principalmente a noite, ninguém quer ser surpreendido por uma tempestade no ponto mais alto de toda Serra da Mantiqueira, não é mesmo?
Se com neblina o caminho já é penoso, imagine águas torrenciais bloqueando toda a visão? A sensação térmica, aliás, pode ser muito pior estando encharcado do que uma mera temperatura baixa. Por isso, opte por viajar entre os meses de maio a setembro, durante a chamada temporada de montanha.
O que levar para a Travessia da Serra Fina?
Como estamos falando de uma região fria, a primeira coisa com que se preocupar são as roupas: camisas dry-fit, para que o corpo não fique molhado de suor, fleece, para reter o calor dentro do corpo, e anorak, para impermeabilizar a entrada de vento e água. Para baixo, calças compridas, para evitar machucados com obstáculos do caminho em pernas expostas, meias coolmax, que seca mais rápido que as meias comuns, e botas para caminhada, para garantir uma passada sem torções ou pisadas em falso.
Como você estará carregando tudo na modalidade "Leave No Trace", é importante ter uma mochila cargueira grande, de 55 a 70L. Nela, além das roupas, comidas e água, irão também a barraca, o saco de dormir e o isolante térmico — para evitar que o chão puxe o calor do corpo.
Por fim, alguns acessórios que ajudarão na aventura são luvas, touca, bastão de caminhada, principalmente para a descida, headlamps, para quando sairmos antes do sol nascer e passar a noite em segurança, e sacos plásticos, para o lixo que produzirmos na montanha. O fogareiro, GPS, clorin, kit primeiros socorros e canivete pode deixar por nossa conta. E ah, para manter a serra preservada para que todos possam continuar aproveitando, não deixamos nenhum lixo na natureza. Até o cocô nós trazemos de volta em shit tubes.
Outras opções para conhecer a Serra Fina
Se você ficou com vontade de conquistar o quinto pico mais alto do Brasil, mas não tem tempo para fazer a travessia toda, temos uma boa opção para você: a Expedição Pedra da Mina. Fique tranquilo, você não vai precisar enfrentar três dias e voltar por onde foi, porque se não acabaria sendo até mais desgastante. Na travessia, existe uma rota de emergência ou desistência, a Via Paiolinho.
Por ela, são 1.346m de ascensão em um único dia da Fazenda Serra Fina até a Pedra da Mina. Provavelmente alcançaremos o topo perto do pôr-do-sol, dormiremos um dia em barraca e voltamos pelo mesmo caminho. Não é um trekking fácil, até porque o estilo de viagem também é em “Leave No Trace”, mas já pode ser um teste para voltar mais tarde. Confira aqui este roteiro.
Agora se você já explorou tudo em quatro dias, que tal se desafiar em fazer o mesmo trajeto em dois? Essa modalidade é chamada Fast Trek. No primeiro dia, saímos da Toca do Lobo, passamos pelo Alto do Capim Amarelo e terminamos o dia na Pedra da Mina, num total de 13km e 1.700m de elevação acumulada. No segundo, partimos da Pedra da Mina, cruzamos o Pico dos Três Estados e terminamos no Sítio do Pierre, somando ao fim 15km e 1.800m de descida acumulada. É claro que subindo e descendo o tempo todo! Conheça aqui o roteiro para este desafio.
Por fim, uma última opção é combinar as principais travessias da Serra da Mantiqueira em um único roteiro: o Altos da Mantiqueira. Além da travessia da Serra Fina, teremos os 13km da Travessia Marins X Itaguaré e os 23km da Travessia Itatiaia X Maromba. Detalhe: com exceção da Serra Fina que é feita em dois dias, as duas outras são feitas em apenas um dia cada. Vale apenas o aviso: este é o roteiro de trekking mais difícil no Brasil. Por isso, é recomendado que você já tenha feito as três travessias separadamente antes, para aí ter uma ideia do que terá pela frente com elas conjugadas. Topa o desafio ou quer mais? Veja aqui este roteiro.
Pois bem, agora que você já sabe tudo sobre a Travessia da Serra Fina, falta só marcar a data da viagem e, para isso, conte com os serviços da Pisa Trekking. Especialistas em ecoturismo, nós oferecemos roteiros no Brasil e no mundo com toda segurança, conforto e, é claro, aventura. Vale destacar que nossas viagens são privativas a partir de duas pessoas. Ou seja, entre maio e setembro, você escolhe a data e nós proporcionamos a melhor experiência nas montanhas da Mantiqueira. Confira aqui nosso pacote da travessia, tire todas as suas dúvidas com nossos atendentes e boa viagem!
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