As aldeias indígenas não estão localizadas apenas no interior da Amazônia. Como a Travessia da Costa Potiguara comprova, o litoral nordestino também tem muito a oferecer no que se refere a cultura e tradição desses povos. Aliando isso às belezas naturais da região, uma gastronomia repleta de frutos do mar e bastante trekking, o resultado é uma viagem de ecoturismo completa.
O que é a Travessia da Costa Potiguara?
A Travessia da Costa Potiguara começa na Praia de Lucena, no norte da Paraíba, e termina na Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte. No total, são 40 km de trekking ao longo de três dias, passando por praias desertas e Mata Atlântica, e mais dois dias de imersão nas culturas indígenas e do pescador local.
Ao contrário do Trekking de Descobrimento do Sul da Bahia, um dos mais exigentes e mais tradicionais percursos do litoral nordestino, a Travessia da Costa Potiguara proporciona um contato muito mais próximo com a cultura local. Estima-se que existam mais de 30 aldeias indígenas potiguaras na região, e alguns dos anfitriões que recebem os turistas também fazem parte dessa cultura, o que oferece à viagem uma troca única de conhecimento. E vale notar que o litoral norte paraibano tem metade dos seus 66km de praias dentro de áreas de proteção ambiental.
A travessia, portanto, é indicada para pessoas que estão atrás de experiências marcantes e trocas culturais, e não apenas de banhos de sol na beira da praia - embora também existam momentos assim. Os pernoites ocorrem em pousadas simples, e geralmente em quartos compartilhados com o grupo.
O trekking tem baixa dificuldade, tendo em vista que o percurso é plano, apesar de longo. O que alivia os esforços também é o fato de que, durante os dias de imersão, quase não há caminhadas, proporcionando uma oportunidade para descanso. Além disso, embora um dos dias de trekking seja inteiramente na praia, com o sol sobre a cabeça, os outros dois dias são em meio à Mata Atlântica, na sombra, ou um misto entre mata e praia.
Quando ocorre a Travessia da Costa Potiguara?
Essa viagem só é realizada durante as luas cheias e novas, tendo em vista que esses são os momentos em que a maré está baixa, e que permitem que o trekking à beira-mar ocorra com mais facilidade. Ainda assim, é preciso estar ciente de que os passeios podem ser remanejados de acordo com as variações da maré.
As saídas também sempre ocorrem aos domingos, de forma a evitar as praias cheias durante os finais de semana. Nessa região, porém, o turismo é principalmente local, não recebendo a atenção e a euforia de outros destinos nordestinos mais populares como Jericoacoara, por exemplo.
Ainda assim, a região pode ser visitada durante o ano inteiro, com chuvas restritas ao período entre março e julho.
O que fazer na Travessia da Costa Potiguara?
O primeiro dia de trekking consiste em uma caminhada de aproximadamente 12 km pela Mata Atlântica e pelas falésias, com um guia local que, durante a caminhada, dá uma aula sobre as plantas medicinais da região e colhe frutas típicas da época. O percurso também passa pelas ruínas da Igreja do Bom Sucesso, que segue imponente desde 1789, e pelo Projeto Peixe Boi, onde é possível observar esses animais em seu habitat natural.
Já o dia seguinte é de imersão na cultura potiguara, que se orgulha por ser a única etnia no mundo que entrou em confronto com os colonizadores há mais de 500 anos e permaneceu no seu lugar de origem. Na Baía da Traição, é possível conhecer seus habitantes e sua história, vivenciar sua cultura através de pinturas corporais e outras atividades ritualísticas, fazer trilhas, mergulhar em uma nascente cristalina e comprar artesanato local, em um dia de relaxamento e reflexão.
O segundo dia de imersão vem logo em seguida, na vila de pescadores da Barra de Camaratuba, que está encravada entre dunas e manguezais e abriga uma das praias mais belas da viagem. A vivência através desses ecossistemas é acompanhada de explicações sobre a economia da vila e fauna e flora locais, e o dia se encerra com uma expedição em meio ao manguezal.
O segundo dia de trekking ocorre de Camaratuba à Praia do Sagi, em um percurso de 15 km que passa porpraias desertas. Alguns dos atrativos encontrados pelo caminho incluem o Parque Eólico, a Lagoa da Pavuna, e a barraca de Dona Mocinha, com direito a parada para comer espetinho de lagosta, camarão, polvo ou queijo coalho. Uma vez em Sagi, o grupo sai para conhecer a região e tomar banho de argila.
O terceiro dia de trekking, e último dia ativo de viagem, consiste em 16 km de caminhada da Praia do Sagi até a Baía Formosa, e depois um trecho de buggy até a Praia da Pipa. A trilha segue pela Mata Atlântica, em uma região altamente preservada, e tem como atrativo a famosa Lagoa da Coca-Cola, que recebe esse nome pela cor de suas águas.
Também é possível optar por fazer a travessia no Réveillon, mas com algumas mudanças no roteiro: o trecho Camaratuba-Sagi é feito por buggy, o grupo passa três dias na Baía Formosa, e o trekking para a Praia da Pipa ocorre pela beira-mar. Quem quiser pode, também, escolher estender a estadia em João Pessoa ou Pipa, já que esses destinos não têm muito destaque no roteiro de travessia.
O que levar para a Travessia da Costa Potiguara?
É essencial levar uma mochila cargueira de ao menos 50 litros para a travessia, embora o seu transporte a pé só seja estritamente necessário durante os primeiros 3 km de trekking. Depois disso, o grupo pode optar por contratar um buggy para levar as mochilas de todos até os destinos seguintes. Se isso for feito, o resto do percurso poderá ser realizado apenas com mochilas de ataque.
Também é necessário levar roupas leves, anorak ou fleece para os dias mais frios, bem como boné, óculos e protetor solar.
Os tênis e chinelos também devem ser leves, e é importante levar uma vaselina para eventuais assaduras no pé e nas pernas. Para diminuir a chance de ocorrência de bolhas, o recomendado é evitar caminhar descalço no dia de trekking pela praia, bem como evitar molhar o pé.
Por fim, as roupas de banho, toalhas e cangas também são imprescindíveis, tendo em vista que os dias são quentes e o refresco geralmente vem dos banhos de mar. Algumas das pousadas também contam com piscinas que podem ser aproveitadas.
A região conta com acesso à Internet, e todas as cidades possuem farmácias e mercados onde é possível adquirir itens essenciais. Caixas eletrônicos podem ser difíceis de encontrar, mas a maioria dos comerciantes aceitam Pix.
É importante notar que a gastronomia local é grandemente focada em frutos do mar e peixes, e não existem muitas alternativas para alérgicos ou vegetarianos. Assim, antes de embarcar na viagem, é necessário comunicar a sua restrição alimentar a fim de avaliar os próximos passos.
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