Em 5 de junho de 2025, o Brasil perdeu uma das maiores defensoras de seu patrimônio histórico e natural. Niède Guidon dedicou a vida à Serra da Capivara, transformando para sempre a forma como olhamos para o passado no nosso país. Mas seu legado vai além da arqueologia: é uma lição de resistência, coragem e amor pelo Brasil profundo.
A seguir, o Blog Vida ao Ar Livre presta uma pequena homenagem à mulher que ajudou a recontar nossa história e a revelar ao mundo as riquezas do sertão brasileiro.
Foto de capa: Divulgação/Fumdham
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Quem foi Niède Guidon?
Nascida em Jaú, interior de São Paulo, Niède Guidon foi arqueóloga, antropóloga e uma das pioneiras na pesquisa sobre a ocupação humana nas Américas. Estudou na França, onde se formou e trabalhou por anos, mas foi no sertão do Piauí que ela encontrou sua missão.
Nos anos 1970, Niède chegou ao que mais tarde se tornaria o Parque Nacional da Serra da Capivara. Diante de pinturas rupestres, fósseis e artefatos com milhares de anos, percebeu que aquele território escondia parte fundamental da história da humanidade. Foi ali que ela decidiu ficar — e lutar.
Foto: Divulgação/Fumdham
O trabalho de Niède Guidon na Serra da Capivara
Niède coordenou escavações e pesquisas que mudaram o que se sabia sobre o povoamento das Américas. Suas descobertas apontam para a presença humana no Piauí há mais de 50 mil anos, muito antes do que as teorias tradicionais previam.
Porém, mais do que científica, sua atuação foi política. Ela criou o Museu do Homem Americano, fundou a Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano) e lutou para que a Serra da Capivara se tornasse Patrimônio Mundial da UNESCO.
Ela também batalhou por infraestrutura, educação e turismo na região, enfrentando abandono político e escassez de recursos.
Seu trabalho é referência mundial e colocou o Brasil no centro dos estudos sobre a pré-história das Américas. E, acima de tudo, mostrou que é possível fazer ciência de excelência com compromisso social.
Conheça a Serra da Capivara
A Serra da Capivara, que Niède Guidon dedicou a vida para proteger, é um destino único no mundo. Com mais de 1.200 sítios arqueológicos catalogados e pinturas rupestres de até 50 mil anos, o parque guarda um capítulo essencial da história da humanidade.
Mas não é só a história que impressiona: a região é também um espetáculo de paisagens, cânions, trilhas e biodiversidade.
Para quem tem interesse em conhecer de perto essa joia do sertão, oferecemos três opções de roteiro:
- Sítios Arqueológicos da Serra da Capivara: ideal para quem quer mergulhar na história da região, com visita aos principais sítios arqueológicos e paradas no Museu da Natureza e no Museu do Homem Americano.
- Parque Nacional da Serra da Capivara e Serra das Confusões: um roteiro para quem quer ir além, incluindo os sítios arqueológicos da Serra da Capivara e a Serra das Confusões, com suas paisagens desérticas e rica fauna.
- Serra da Capivara - Arqueologia e Natureza: para quem busca um equilíbrio entre história e aventura, inclui visitas aos principais sítios arqueológicos, trilhas entre cânions e mirantes, e contemplação da biodiversidade do sertão nordestino.
Viajar para lá é mais do que uma aventura: é uma forma de homenagear o trabalho de Niède Guidon e manter viva a memória de tudo o que ela lutou para preservar.
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