Para você que nunca pensou em conhecer um deserto, saiba que dentre o infinito de areia existe uma diversidade tão grande quanto as áreas de mais água do planeta. E você nem precisa ir tão longe para experimentar um pouquinho dos gêiseres, vulcões, lagoas e salinas. Aqui no Chile, o deserto mais seco e alto do mundo, o Atacama, tem tudo isso. Siga com a gente, porque, hoje, o Blog Vida ao Ar Livre vai te mostrar tudo que você precisa saber sobre o Deserto do Atacama.
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Para sermos justos, o coração do deserto é no Chile, mas sua área alcança o território argentino, boliviano e até peruano, somando ao todo 105 mil km². Apesar do tamanho, é mesmo a porção chilena a mais turística. Isso porque é lá onde fica uma das únicas entradas para a região: San Pedro de Atacama, no norte do país.
Isso acontece porque apesar das belezas, deserto é deserto – a amplitude térmica pode chegar a 40ºC no mesmo dia. O que complicou muito o desenvolvimento de cidades e povoados nas proximidades.
San Pedro de Atacama fica a 1.600km da capital Santiago, o que equivale a pelo menos 18h de viagem. Por isso, a maior parte das pessoas prefere fazer o trajeto de avião. De São Paulo e Rio de Janeiro, a viagem é direta. Já de outras capitais do Brasil, você fará uma escala nos aeroportos paulistas e cariocas. Atualmente (outubro/2018), o trajeto é feito pela LATAM, Gol e Avianca (SP), e apenas pela LATAM no Rio.
Chegando em Santiago, sua próxima parada é Calama, a 100km de San Pedro de Atacama. Hoje em dia, como a LAN, uma das principais companhias chilenas se associou a LATAM, é possível comprar o trajeto todo de um único localizador. De qualquer forma, a Sky Airline segue como outra opção. Finalmente lá, a última hora e meia é feito por terra.
San Pedro de Atacama é uma cidade que parece ter parado no tempo. Isso porque arquitetura é bem simples e com ruas todas de terra. Junto à simpatia dos moradores locais, temos a dose perfeita de hospitalidade. Mas apesar dessa simplicidade, San Pedro tem uma ótima infraestrutura.
De restaurantes e bares no centrinho a hotéis luxuosos já um pouco mais distantes, o bom é que a cidade é toda voltada para o turismo. Se sobrar um tempinho, vale dar uma volta com mais calma pelo centro e conhecer a igrejinha central hoje já com mais de 350 anos. E, é claro, apreciar o artesanato local e levar uma lembrancinha para casa.
Não existe época para visitar o Deserto do Atacama. Todo mês é mês. A diferença é que você terá de enfrentar temperaturas bem diferentes. No verão, os dias serão bastante quentes. No inverno, o sol dá mais trégua, mas em contrapartida, as noites ficarão bem mais frias. Fato é que, independentemente da estação, do dia para noite, a temperatura sofrerá sempre uma grande queda. Se isso é um fator que te incomoda, talvez valha a pena conhecer o Atacama nos meses de primavera e outono, quando o clima é mais atenuado.
Outra diferença são os atrativos que você vai encontrar. No verão, é época de migração dos flamingos, que vem para o Atacama para, digamos, flertar. Junto deles, surge a possibilidade de chuvas que, por um lado, pode ser bem chato, já que os passeios acabam sendo interditados. Mas por outro, a água deixa dois fenômenos raros e inesquecíveis: os espelhos d’água no Salar do Uyuni, em território boliviano, e o mar de flores.
Agora você já sabe que o deserto pode ser muito rico… mas quão rico?
Se você não vê a hora de assistir ao show dos flamingos, sua primeira parada é o Salar de Atacama. Com 3.000km², o terceiro maior salar do mundo é rodeado por montanhas e povoado por guanacos, alpacas, lhamas, nhandús e várias outras espécies de animais. Que também pode ser visto no irmão boliviano. Com a diferença de que, com seus impressionantes 10.000km², do meio do Salar de Uyuni, a visão se perde no horizonte.
E já que estamos falando de salares, vale lembrar da Laguna Tebinquinche. Nos arredores do lago, tudo é coberto de sal. Numa área muito menor, é claro. Mas o interessante é que quem vem até aqui, emenda o caminho à Laguna Cejar. Que adivinhe, é conhecida por ter muito sal; mas no caso, muito sal mesmo. Tanto sal que é impossível afundar. Um fenômeno bem parecido com o Mar Morto, no Oriente Médio, só que ainda mais intenso.
Apesar do deserto ser bastante plano, o Atacama é repleto de montanhas, vulcões e vales. Quanto aos últimos, dois dos mais imponentes não ficam a mais de 10km de San Pedro de Atacama.
Quem decide conhecer os Valle de la Muerte e de la Luna precisa estar disposto a enfrentar trechos apertados, já que parte do trajeto acontece em meio a paredões, cavernas e precipícios. Em alguns trechos, inclusive, será necessário até deitar no chão e se arrastar para seguir em frente. Por outro lado, muito por conta disso, você pode ter certeza que a paisagem será sempre bastante diversificada.
No Valle de la Muerte, não deixe de dar um pulo na Pedra Coyote para um visual privilegiado do mar de pedras. E pule mesmo, porque o lugar é perfeito para uma boa foto! Agora, antes de seguir para o Valle de la Luna, muita gente ainda se arrisca numa descida de sandboard. Na dúvida, tente, não é qualquer dia que você pode deslizar em um deserto.
Já no vale-irmão, a atração principal é o pôr-do-sol no fim de tarde. Um mirante tão alto que podemos ver os 50 tons de laranja e marrom do Atacama, conforme o sol se despede. Vale só destacar que a euforia é tanta que as pessoas nem reparam nas rochas salinas do caminho, todas desenhadas ao decorrer dos séculos pela erosão do vento e da mudança de temperatura.
E já que estamos falando de alturas, por que não enfrentar uma ascensão de 5.640m. Mas calma, com uma ajudinha de um 4x4, a gente começa já dos 4.600m. Não que os últimos 1.000 e poucos metros sejam fáceis. Não são! Apesar do trajeto não exigir conhecimentos ou equipamentos de escalada, a subida é íngreme. Além disso, como o solo é composto de areia e pedras soltas, e o frio dos +5.000m de altura não é brincadeira, um bom condicionamento físico é exigido. Ainda assim, Cerro Toco é com certeza o vulcão mais acessível da região. Isso porque as chances de se passar mal são menores, já que não precisamos ficar tanto tempo em altitude como seria para outras ascensões. E, é claro, ele é também o mais próximo de San Pedro de Atacama, o que facilita a logística.
Uma vez lá em cima, o misto é de leveza, cansaço, frio e tontura. Nada menos do que esperado para um vulcão dessa magnitude. Nessa salada de sensações, não se esqueça de olhar à sua volta. Do topo, é possível ver outros dois vulcões do Atacama, o Sairecabur (6.020m) e o Licancabur (5.910m), e a Laguna Blanca ao longe, já na Bolívia. O passeio todo leva algo em torno de 7 horas, já que entre subida e descida, a duração não leva mais de 4 horas... Aliás, 4 horinhas para uma memória eterna! Conheça aqui o roteiro.
E para você tirar de vez a ideia de que em deserto só tem areia, com tudo isso de vulcão, o Atacama precisava ter um que jorrasse gêiseres. Afinal, o fenômeno só acontece porque a água atinge altas temperaturas no solo vulcânico, ganhando assim pouco a pouco pressão até literalmente explodir à superfície.
Para não perder nenhum minuto das fumaças de vapor, crateras de barro e poças de água em ebulição, o passeio começa bem cedo. Isso porque, primeiro, os Gêiseres del Tatio ficam a 90km de San Pedro de Atacama. E segundo porque é nas primeiras horas do dia que há mais vapor, quando a temperatura muda mais abruptamente. Por chegarmos cedinho, não se esqueça de levar mais camadas de roupa para não passar frio. Conforme o sol dá as caras, vai que você anima de tomar um banho termal por lá?
E se você acha que isso é muita coisa, saiba que poderíamos ficar elencando atrativos por mais um bom tempo. Por isso, deixamos aqui recomendações de outros lugares incríveis no Atacama. De Pukara de Quitor, a fortaleza de pedra do século XII, às Termas de Puritama piscinas termais usadas já na época dos incas; da Aldeia de Tulor, povoado soterrado há quase 3mil anos e redescoberto por arqueólogos, às Lagunas Antiplânicas e os reflexos perfeitos das montanhas dos arredores, fato é que há muita coisa a se fazer.
Agora que você já sabe disso tudo, é bom já começar a arrumar as malas. Mas como estamos falando de grandes altitudes, um ambiente seco e temperaturas que vão do extremo frio ao quente no mesmo dia, vale ter algumas dicas em mente!
Como qualquer outro destino frio, lembre do fleece e pluma de ganso como segunda e terceira peles. Se tiver uma calça térmica, ela também será bastante útil. Mas o que passa despercebido para muita gente são os pés e mãos! Com a temperatura amena das cidades, nem lembramos deles, mas como o fluxo de sangue nas extremidades do corpo é menor, é por aqui que começamos a sentir frio. Traga meias e luvas!
Mesmo que o Atacama tenha um foco de água lá e cá, o fato é que o sol é forte o dia todo. Então nem precisamos falar que o protetor solar é artigo obrigatório. Mas ainda pior é o tempo seco, principalmente para quem tem problemas respiratórios ou de pele ressecada. Para isso, hidratantes, soros fisiológicos, colírios e manteigas de cacau são boas pedidas!
Bom, não dá mais pra reclamar que só faltava estudar o destino, né? Com tudo em mãos, falta agora só marcar a viagem! Recomendamos fortemente que você contrate uma agência de viagens para a logística e suporte. Afinal, o Deserto do Atacama não deixa de ser inóspito, e vários serão os trechos de trekking e história que um guia pode muito bem a calhar! Alguns passeios, aliás, só podem ser feitos na presença de um.
Para isso, você pode contar com os serviços da Pisa Trekking. Especialistas em viagem de aventura na América Latina, oferecemos mais de 10 roteiros diferentes para o Deserto Atacama. Confira todos eles aqui e converse com nossos atendentes para já garantir a sua vaga!
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