Desde os povos pré-históricos que viveram no Brasil até as grandes civilizações antigas da América Central e dos Andes, nosso continente preserva milênios de histórias e culturas. Cenários hoje turísticos, e que não deixam nada a desejar aos convencionais destinos do "velho mundo".
Quando portugueses e espanhóis chegaram por aqui, a América era um caldeirão fervilhante de culturas que se espalhavam de norte a sul.
Confira três destinos que revelam a história do homem nas Américas. E se quiser saber mais sobre cada viagem, é só clicar nos links!
Essa história de cultura na América é antiga! Começa muito antes do que se pode imaginar!
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Serra da Capivara: Arte pré-histórica
Há mais de 10 mil anos atrás, quando o Egito ainda nem pensava em ser império, populações nômades deixavam suas marcas nas paredes da Serra da Capivara. Expressão artística pura, quando o mundo mal sabia o que era sociedade, quem dirá arte.
Localizado no Piaui, Nordeste brasileiro, o Parque Nacional Serra da Capivara é um parque arqueológico, Patrimônio Mundial da UNESCO. Um conjunto de chapadas e vales, na Caatinga, que abrigam mais de 600 sítios arqueológicos (170 deles aberto à visitação) com pinturas e gravuras rupestres de 12 mil anos de idade. Cenas de rituais e da vida cotidiana, além de alguns materiais como fogueiras e pedras lascadas, vestígios da vida no pré-histórico.
Na Toca do Boqueirão da Pedra Furada, o ponto de visitação mais famoso do parque, uma passarela permite a apreciação de mais de mil pinturas rupestres. Duas tradições de pintura predominam: Nordeste e Agreste, correspondentes a grupos étnicos com técnicas, temáticas rupestres e épocas de vida diferentes no decorrer de longos milênios da pré-história.
Em um relevo acidentado, e uma vegetação de clima semiárido, que varia de períodos verdes e floridos a épocas ressecadas e monocromáticas, as pinturas revelam cenas de caça, sexo, guerra e diversos aspectos do universo simbólico dos artistas primitivos que as representaram. Os estudos na região apontam para a possibilidade de alguns registros fósseis terem até 100 mil anos de idade, o que coloca em xeque inclusive as teorias da chegada do homem na América.
Os maias: Matemática e astronomia latino-americanas
A civilização Maia foi uma cultura notável que se estabeleceu na Península de Yucatán, no México, e nos países onde hoje são a Guatemala e Honduras, na América Central.
Assim como aconteceu pelo mundo afora, os Maias surgiram como uma confluência de outras culturas mais antigas, como os Olmecas e os Zapotecas. No seu auge, o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), a grande rota maia era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo, na casa dos milhões de habitantes.
Pra se ter ideia do desenvolvimento intelectual que tinham, foram a única civilização mesoamericana com um sistema de escrita tão eficiente quanto a língua falada.
Mas o fato mais surpreendente dos Maias foi terem criado o conceito do numeral zero, imprescindível para as operações matemáticas complexas, e que os europeus só desenvolveram mais de 7 séculos depois. Não é à toa que os maias tinham calendários precisos, frutos de matemática avançada e observações astronômicas notavelmente complexas. Em cidades como Palenque e Chichén Itzá (México), Copán (Honduras) e Tikal (Guatemala) os centros astronômicos ocupavam áreas centrais, e as bibliotecas descreviam conceitos astronômicos impensáveis para a época.
Secas, guerras entre cidades-estado e uma população imensa fez com que os Maias entrassem em decadência antes da chegada do europeu na América. Quando chegaram, terminaram por exterminar o que puderam desta civilização "pagã". De todas as bibliotecas que tinham, apenas 4 livros restaram. O resto foi queimado pelos espanhóis.
Os Incas: Agricultura e logística
O império Tawantinsuyo, conhecido pelo nome de seu representante máximo, o Inca, sobreviveu nas terras altas dos Andes por pouco tempo, cerca de três séculos apenas. Na verdade, esta história é muito mais antiga, pois os Incas anexaram outras civilizações independentes, que se desenvolveram por séculos antes deles.
Oitocentos anos antes de Cristo, a cultura Chavin desenvolvia técnicas de plantação nas terras áridas dos Andes, na região da Cordilheira Blanca. Nos séculos seguintes os Mochicas floresceram no norte do Peru, e com eles as arte da cerâmica e arquitetura. Depois deles, a cultura Tiahuanaco, na atual Bolívia, desenvolveu características religiosas importantes para que, entre os séculos XII a XV, os Incas surgissem e dominassem quase toda a América do Sul, anexando, pela força ou pela política, todas as culturas anteriores a eles.
Dos feitos desta civilização, seus laboratórios agronômicos são dos mais surpreendentes. Hoje, um passeio cultural visitando as ruínas de cidades incas no Vale Sagrado, vemos que eles conseguiam plantar nas terras áridas e montanhosas. Através do uso das curvas de nível e de experimentos entre diversidades de plantas, levou ao desenvolvimento de mais de 200 espécies de milho, e estima-se em mais de 300 espécies diferentes de batatas.
A chave do sucesso inca em um território com 4.500 km de extensão era a existência de estradas e trilhas, que possibilitavam uma boa distribuição das colheitas, percorrendo distâncias de até 200 km por dia.
Nesta época, a Europa sofria de pestes e fomes que desolavam a população. Aqui, tudo florescia! Com comida de sobra, a civilização inca alcançou o seu apogeu no século XV, com realizações culturais complexas na arquitetura, na construção de estradas, como a famosa Trilha Inca Clássica, pontes e engenhosos sistemas de irrigação.
Hoje, toda esta cultura vive, nos sítios arqueológicos e nas populações locais que resistiram ao tempo e à dominação. E conhece-las significa ir a fundo nas origens dos povos americanos.
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